segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Re(tratos) da normalidade brasileira

E mais uma vez chegado o momento de festejar. Aplausos, correria. Era o misto de alegria e euforia que sempre tomava conta dos corações de todos - humildes e abastados. Pessoas. As janelas das casas não estavam coberta de neve como propõem a aculturação americana, tampouco o falar se fazia de maneira retorica. Seria uma maneira de preservar a memória nacional? Ledo desejo. Tudo estava na mais perfeita normalidade desmedida, no contentamento fraco, paupérrimo, num som de mentira.

Estavam todos acostumados com o mistério óbvio, as mesmas reclamações, as mesmas indignações, os mesmo afazeres. Nas pontes estavam os mesmos de anos anteriores. E que eles fizeram para mudar a realidade? Mudaram de ponte, talvez! Nos carros, os mesmos seres levantavam o vidro como de costume, brincavam de ser humildes por um instante e burlavam a dor social por fazer segundos de caridade, auxiliando na busca por novas pontes. Melhor forma de praticar o bem, seria impossível!

Aqueles que se diziam libertários continuavam na busca por seus ideais, fingiam entender a situação, mas nada havia a ser entendido, até porque nada mudara. Lutar, empunhar uma arma em prol da verdade, argumentar para que suas fantasias sejam a verdade absoluta. O que há de novo nisso? O que há de novo? A novidade do ontem.

E, assim, era reproduzida a fotografia nacional. A Espera que amanhã seja diferente, viver naquele devaneio que acalma, na verdade que cala, na mesmice retumbante. Oh, meu país, onde foi parar teus ideais, mesmo que nada libertários. Eles algum dia existiram? Diretas já, Voto igualitário, Fundo Monetário Internacional, será que mudamos apenas o comando do cajado? O grito parece inútil! Tudo se transforma e renasce com a mesma poesia de outrora. Aquela disfônia que encanta por tão bela e esplendorosa ser. Efêmera! Vil efemeridade.   

Como lutar para que um país seja comandado por todos? Como fazer emergir a consciência e responsabilidade pela “coisa pública” da república chamada Brasil. Soa até insano tal questionamento. Mas será que a insanidade não reside na normalidade comum?

Não, agora não!  O tempo é curto. Final do ano é chegado, as férias clamam por atenção, temos que amochilar! Amanhã poderemos resolver isso. A coletividade concorda, é inteligentemente unânime...

Espera. Até porque sempre escutei que é no amanhã que está o futuro do nosso país. Pobres crianças...

Nenhum comentário:

Postar um comentário