quarta-feira, 26 de junho de 2013

Heróis ou Bandidos?

Nos últimos dias tenho percebido que há se aventado muita polêmica acerca da vinda de médicos cubanos para o Brasil, temos visto uma briga de cachorro grande, políticos que dizem lutar pelo bem–estar do povo e vilões que buscam melhores condições financeiras. De um lado a camada pobre e de outro a elite querendo reviver o lado de capataz...

Será que é isso mesmo, Brasil?

Se formos analisar a história da medicina brasileira, vemos que saúde nesse país sempre foi um grande foro eleitoreiro, conseguiu angariar muitos índices na urna, e, tornar reféns os eleitores pelos laços que são criados na relação médico-paciente. O fato é tão pertinente que podemos ver grandes médicos em cargos políticos... Podemos encontrar em faculdades de medicina alguns estudantes que almejam ser o sucessor político de seus familiares, apenas...

E a medicina? E a empatia pelo paciente? E cuidar onde ficam? Para ser um bom médicos, antes de tudo é necessário ter empatia, ser articulador e gostar de ajudar. E quando falo em ajudar, não estou me referindo a só fazer caridades (chega de comandar esse pais por cabresto financeiro!), mas, ensinar aos  pacientes a cuidar de si. É típico da medicina moderna inserir no cotidiano do paciente o autocuidado diário, tanto físico quanto mental. Não obstante, podemos observar o nascimento da medicina social e com ele um novo profissional está se inserindo no mercado. O perfil do novo médico é não calar mediantes injurias que o organismo é incapaz de tolerar. O novo médico busca fazer aliança com outros setores: educação, construção civil, meio ambiente; Mostra a população onde buscar informação e onde exigir os seus direitos. E Isso incomoda...

Incomoda ter um país onde a população questiona, incomoda quando esclarecemos a população que o ar para respirar não pode ser mais contaminado como antes, ou, que a alimentação precisa ter uma melhor qualidade. Incomoda porque requer mais custos para o país. Incomoda porque uma prevenção bem qualificada é aquela que ensina, que cria hábitos, e, que faz surgir um novo cidadão que busca seus diretos. E, que cansa de aceitar calado!

Há quem diga que precisamos de uma solução emergencial, trazer médicos de outros país urgentemente para curar doenças básicas como uma verminose. Precisamos? Porque não se pensou em buscar um saneamento básico melhor a fim de evitar verminoses? Um pre-natal com nutrientes ofertados adequadamente para uma gestante a fim de reduzir a mortalidade infantil? Não seria mais fácil e barato? São esses questionamentos que os novos médicos brasileiros estão levantando! Prevenir não é tratar antecipadamente uma doença nos pródromos dela, é impedir realmente que ela aconteça... E só se consegue com consciência popular, com educação para a população buscar qualidade de vida, e, interesse político... Mas, custa muitos votos.

Não se vê ninguém falando dos efeitos colaterais de campanhas de administração de fármacos em massa. Isso não é saúde preventiva! É um paliativo! Será que não chega de paliativos, meu Brasil?

E qual a relação disso com a medicina cubana?

Cuba tem profissionais ruins? Não! Eles tem profissionais adaptados para a realidade deles. Para as doenças que eles enfrentam. Para a complexidade do serviço em que eles trabalham. E, trabalham com maestria. Aqui eles não teriam qualquer força política porque não vivenciam a crise social que o Brasil enfrenta hoje. Não me refiro a questões financeiras, condições de vida precária. Mas, é emergente no cidadão brasileiro esse vontade de brigar pelo que é melhor. Por dignidade! Não precisamos lutar por uma medicina curativa disfarçada de preventiva. A prevenção depende mais de uma vontade política do que da vontade do profissional. Já ouviram falar do programa saúde nas escolas? É nesse âmbito que precisamos atuar! Ensinar na base o cuidar e o reivindicar, é esse espirito de mudança que deve mover o jovem Brasil. E como funciona tal programa... Funciona?

Não estamos sendo preconceituosos ou bairristas, mas temos que lutar por condições de saúde ideal para todos... Todos! Independente da área geográfica que habitam. Será que ainda não ficou claro que o profissional médico que deve ser um dos mais dinâmicos e capacitados é aquele que está na porta de entrada do SUS? Lá no posto de saúde?  A lógica de estratificar a saúde em setores é de garantir um atendimento integral, eficaz e com alto grau de resolutividade. O profissional precisa estar habilitado técnica e politicamente para a situação.

De que adianta ter um profissional que curou 100 casos de diarreia e deixou passar 2 casos de diverticulite? Os dois de diverticulite com certeza vão a óbito, porque o acesso ao centro cirúrgico se dá através do encaminhamento que o médico do PSF faz para o hospital. E um paciente não-encaminhado é não-atendido. É a lógica do sistema. Hoje quando não tem médico no posto de saúde o médico do hospital atende, mas quando a área de abrangência tiver um médico responsável e este não encaminhar as portas se fecharão para o ‘’paciente’’.  Em outras palavras o que está caótico, poderá ficar pior!

 Se o caso de diverticulite fosse na sua família tenho certeza que a quantidade de casos de diarreia curados seriam irrelevantes para você. Sabe por que? Medicina não se faz apenas baseada em estatística! Precisamos de conhecimento, técnica, vivencia, empatia, sensibilidade e atitude politica. É isso que preocupa a nova geração da medicina! Não adianta ter conhecimento acumulado, ele deve ser repassado. Posso ensinar a população a cuidar de uma diarreia, ensinar os sinais de alerta e mostrar que o ‘’paciente’’ é tão ou mais responsável por sua saúde que o profissional. Chega de sermos manipulados pela nossa fragilidade! Chega Brasil!

Porque brigar tanto pelo revalida? Para permitir que o profissional cubano (no caso) saiba manejar a tecnologia que temos disponível em nosso pais, para que os princípios do SUS sejam postos em prática. Um prova consegue mensurar toda capacidade médica do profissional cubano? Não! Mas, já que estamos agido com medidas emergenciais, que tenhamos um modo de avaliação emergencial, infelizmente.

Temo que a vinda dos cubanos seja a única ferramenta criada pelo governo para saúde. Temos que entender que a população está toda do mesmo lado, chega de joguetes antiquados! O Mundo se modernizou, os cidadãos também, falta só o discurso político! Digo não a tudo que é imposto com ideais obscuros. O Brasil nunca fez medicina sozinho, sempre há troca de artigos, informações cientificas, intercâmbios médicos com todo o mundo, porque será que só agora  os profissionais se revoltaram contra médicos vindo do exterior?

Atribuir tudo a uma suposta arrogância de uma classe elitista e protecionista já é mais que um clichê... Será que não está na hora de refletirmos a situação como um país em desenvolvimento que tem vontade e subsídios para crescer com sustentabilidade? Chega de tanta manipulação! Será que na atual conjuntura é realmente necessário criar a figura do herói e do bandido?

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